Arquitetura de Automação
Montar uma plataforma de automação de rede eficiente exige um plano bem estruturado, e um entendimento claro dos componentes que integram essa nova solução. Esta aula explora uma das arquiteturas possíveis e simplificadas em "high level" para mapeamento e separação de funções
Componentes
Uma arquitetura de automação de rede é formada por blocos interconectados. Vamos aos detalhes

Sistema de Interação com o Usuário

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O que é: Ponto de entrada para os usuários iniciarem tarefas, monitorarem progresso e visualizarem relatórios.
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Exemplos:
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ITSM/Ticketing: Integração com ServiceNow para disparar automações via tickets.
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ChatOps: Uso de Slack ou Teams para executar comandos por bots.
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Portais Web: Dashboards com Flask ou Django para interação.
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Infraestrutura de Rede e Armazenamento
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O que é: Hardware e software que sustentam a automação e os dispositivos gerenciados.
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Exemplos:
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Servidores Linux: Rodam ferramentas como Ansible ou Python.
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Armazenamento: Bancos como InfluxDB para configs e telemetria.
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Integração com Redes Existentes:
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Legadas: Usam SSH ou SNMP.
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SDN: Integram via APIs como NETCONF ou RESTCONF.
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Dica: Escolha dispositivos com suporte a APIs modernas para automação eficiente.
Sistemas de Comunicação de Dados e Segurança
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O que é: Protocolos e medidas para conectar componentes com segurança.
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Exemplos:
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Protocolos: NETCONF, RESTCONF, gRPC.
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Segurança: Criptografia, firewalls, RBAC.
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Exemplo Prático: HTTPS para proteger chamadas de API.
Fonte da Verdade e Inventário

Esses sistemas são fundamentais pra criar automação em loop fechado, onde dados entram e saem da infraestrutura de rede o tempo todo pra tomar decisões e ações inteligentes.
A automação gira em torno de dados, e identificar Fontes de Verdade confiáveis é um grande desafio. Uma SoT é um sistema ou repositório com dados definitivos, precisos e acessíveis por programação pra um domínio específico. Exemplos são NetBox pra inventário de dispositivos, IPAM pra endereços IP, DCIM pra infraestrutura física e ferramentas ITSM/CRM pra detalhes de tenants.
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Camada de Agregação: Como muitas SoTs podem existir, uma camada de agregação pode unificá-las, oferecendo uma única API pras ferramentas de automação. Essa camada também traduz dados de várias fontes num modelo abstrato e independente de fornecedor, facilitando a integração e troca de SoTs.
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Governança de Dados: As SoTs precisam ser bem gerenciadas, com controles de mudança pra evitar alterações não autorizadas e garantir sua autoridade.
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O que é: Coletam dados para automação inteligente.
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Componentes:
- Fontes de Verdade (SoT): NetBox para inventário.
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Exemplo: NetBox fornece dados para o Ansible configurar VLANs.
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Formatos e Modelos de Dados: Escolher o formato de dados (tipo JSON, YAML, XML) e modelos de dados (como YANG pra NETCONF/RESTCONF) é crucial pra garantir consistência, interoperabilidade e uma representação estruturada dos dados da rede.
Motor de Automação
O Motor de Automação é o coração da plataforma, responsável por fazer as tarefas de automação acontecerem. Ele interpreta scripts, conversa com dispositivos de rede e organiza fluxos de trabalho. É onde a mágica da automação rola.
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Execução de Scripts: O motor roda scripts em linguagens como Python (usando bibliotecas tipo Netmiko, NAPALM ou Nornir) ou ferramentas como Ansible ou Yamaha pra executar tarefas nos dispositivos.
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Interação com Dispositivos: Ele gerencia a comunicação com os dispositivos, enviando comandos e recebendo respostas.
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Execução de Fluxos de Trabalho: Pra automações mais complexas, o motor coordena várias tarefas, garantindo que elas aconteçam na ordem certa e lidando com dependências.
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O que é: Executa scripts e gerencia dispositivos.
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Ferramentas:
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Ansible: Playbooks YAML sem agente.
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Python + Netmiko: Scripts imperativos.
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Sistema de Telemetria e Monitoramento
Esses sistemas são essenciais pra entender em tempo real o desempenho, saúde e comportamento da rede. Eles coletam dados dos dispositivos e mostram de forma clara, ajudando na automação em loop fechado.
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Coleta de Dados: Isso inclui pegar métricas, logs e eventos dos dispositivos usando protocolos como SNMP, NetFlow, sFlow ou telemetria de streaming.
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Monitoramento e Visualização: Ferramentas como Prometheus pra coletar métricas, Grafana pra dashboards e visualização, e a pilha ELK (Elasticsearch, Logstash, Kibana) pra gerenciar logs são muito usadas. Elas ajudam a observar o estado da rede e identificar problemas.
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Loop de Feedback: Os dados coletados podem voltar pro motor de automação, disparando ações automáticas ou correções com base em condições específicas (ex.: alto uso de CPU disparando uma mudança de config ou notificação).
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O que é: Coleta métricas para monitoramento em tempo real.
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Ferramentas:
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Prometheus: Métricas.
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Grafana: Visualização.
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Loop Fechado: Ajusta configs com base em telemetria (ex.: alto uso de CPU).
Sistema de Orquestração
Enquanto o motor de automação faz tarefas individuais, o Sistema de Orquestração organiza fluxos de trabalho complexos, de ponta a ponta, envolvendo vários domínios, ferramentas e até motores de automação diferentes. Ele dá uma visão geral, permitindo definir serviços em vez de só configs de dispositivos.
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Gerenciamento de Fluxos: Os sistemas de orquestração organizam fluxos multi-etapa, garantindo que as tarefas sejam feitas na ordem certa, com dependências respeitadas e erros bem tratados.
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Integração: Eles conectam todos os componentes da arquitetura, como SoTs, motores de automação e sistemas de telemetria, pra alcançar um estado desejado da rede ou entregar um serviço específico.
Fluxo de Automação em Loop Fechado
A "malha fechada" se refere ao mecanismo de feedback contínuo, onde o sistema recebe dados, processa-os e ajusta suas ações continuamente. Isso assegura o funcionamento em diversas condições, sem necessidade de intervenção manual.
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Observar: O sistema coleta e analisa dados de observabilidade da rede continuamente, incluindo métricas como fluxo de tráfego, utilização de recursos e estatísticas de desempenho.
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Lógica de decisão: Usando dados de referência (a intenção) e baseando-se em regras predefinidas ou inteligência artificial e aprendizado de máquina, o sistema avalia os dados observados para identificar anomalias, problemas potenciais ou oportunidades de otimização.
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Execução: Ao detectar um problema ou melhoria, o sistema aplica mudanças automaticamente, como ajustar largura de banda, rerrotear tráfego ou aplicar patches de segurança.
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Feedback: Após a ação, o sistema monitora os resultados para aprender com as decisões, refinando futuras ações e tornando a automação mais inteligente e eficiente ao longo do tempo.
Essa malha fechada torna o sistema autossuficiente, operando de forma contínua e autônoma, aprendendo a cada ciclo para aumentar sua eficácia. Note que isso não é tudo ou nada: é possível implementar uma malha fechada para um conjunto de casos de uso, deixando outros fora do processo automatizado.
Exemplo prático:
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Telemetria detecta alto uso de CPU.
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Motor de automação analisa e ajusta configs.
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Orquestração aplica mudanças.
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Monitoramento verifica o resultado.
- Diagrama:
Entendendo esses blocos e como eles trabalham juntos, você podem navegar por soluções de automação completas e eficazes, prontas pra atender as demandas das redes modernas.